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Doula: Faz parto? Faz parte? Faz o quê?

Você certamente já ouviu falar sobre Doula, mas você sabe o que realmente ela faz?? Convidei a Doula Natalia Cunha para falar sobre essa profissão linda, confira:

Nos últimos anos, uma palavra tem marcado presença nas conversas que rondam a maternidade: doula. Palavra grega, que significa: mulher que serve  outra mulher. Parece novidade, mas acredite, é uma das funções mais antigas na história da humanidade.

Antigamente, antes do parto ser transformado num evento médico, antes dele ser “alocado” dentro do hospital; ele - o parto - era sobretudo um evento familiar. Acontecia dentro das casas, com a mulher assistida pela parteira e cuidada pelas doulas (lá na Grécia), e pelas comadres, (cá no Brasil).

Essas mulheres - as doulas -  já conheciam partos, já haviam parido e/ou presenciado uma porção deles, e com o seu saber, davam o suporte para a parturiente. Sabiam de posições, compressas, chás e banhos que podiam ajudar essa mulher; sabiam da intensidade, das ondas que trariam o novo bebê, das dificuldades... Mas sabiam também da potência do corpo, da potência da fala, da importância do cuidado, do acolhimento, da presença firme e amorosa.

O tempo passou, os partos foram hospitalizados, o corpo da mulher patologizado e medicalizado; e nesse cenário, não coube mais ninguém na cena do parto além da figura do médico. NINGUÉM mesmo, sequer o acompanhante ficava junto.

Somente há cerca de 30 anos, com o crescimento dos movimentos humanistas, a obstetrícia começou a ter sua assistência questionada. O que aconteceu com nossos corpos que tantas mulheres precisam da cesárea? É o corpo que não consegue parir, ou quem cuida não tem manejo com parto? Por que obrigatoriamente no hospital?

A partir dessas e outras perguntas, nasceu o movimento da Humanização do Parto e Nascimento, e com ele, a figura e a função da doula foram atualizados para a contemporaneidade.

Doula
Doula

A doula hoje, é uma profissional que: tem experiência no acompanhamento de partos, consegue orientar a mulher sobre formas possíveis de preparação para uma experiência positiva de trabalho de parto e parto, atua no dia do parto com suporte físico (através de posicionamento, exercícios, respirações, recursos não farmacológicos de alívio de dor) e emocional (acolhendo os sentimentos, traduzindo as sensações e manifestações do corpo para  situar a própria mulher sobre seu processo de parturição), orienta e inclui o acompanhante para que o parto seja sim, familiar.

A doula não é responsável pela assistência do parto, isso é feito por Obstetrizes, Enfermeiras Obstétricas, Médicos ou Parteiras Tradicionais. A doula vai atuar em parceria com esses profissionais, para que o parto seja respeitado em sua fisiologia, para que a mulher se sinta ouvida e respeitada, e para que além de seguro, o parto seja uma experiência positiva para todos os envolvidos.

Apesar das individualidades dos acompanhamentos, além do acompanhamento no dia do parto; o trabalho da doula comumente se baseia em alguns atendimentos voltados para a preparação emocional e física dessa mulher, orientações sobre possibilidades de boa assistência obstétrica (considerando localização, situação financeira, sistema público x sistema privado) e indicação de grupos e materiais ao longo da gestação que vão favorecer todo o processo.

Em 1993, o livro “Mothering the Mother” de Marshall Klaus, trouxe dados muito importantes sobre a atuação das doulas: a presença delas no parto tendem a  diminuir em 50% as taxas de cesárea, em 20% o tempo total de duração do trabalho de parto, em 60% os pedidos de anestesia, em 40% o uso de ocitocina e também 40% o uso do fórceps. Além disso, dentre as mulheres acompanhadas por doula em seu parto,  a incidência de depressão pós parto, e de estados de ansiedade a baixa autoestima foram significativamente menores.

Muitas cidades contam com grupos estruturados e coordenados por doulas, onde a gestante pode conhecê-las, entender melhor o trabalho e se informar mais, mais e mais. O parto quem faz é a própria mulher, mas que a doula faz muita diferença... Isso faz!

Texto: Natalia Cunha - Tel: (11) 95337-0989

Fotos: Bia Takata

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